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No texto de hoje vamos compartilhar estratégias para que o incentivo à leitura nas escolas seja uma ação conectada e trabalhada durante todo o ano letivo.
A ideia aqui é destacar diversas oportunidades e possibilidades para que você, gestor, entenda a importância da leitura e do seu papel e, assim, torne a leitura uma prática expressiva e acolhedora na sua escola.
A leitura como prática diária
A leitura é uma experiência que pode ser caracterizada como a decodificação de signos linguísticos aliada à compreensão dos contextos e desenvolvimento da visão crítica. Essas habilidades só se somam ao estudante se esse for continuamente estimulado
A Base Nacional Comum Curricular compreende o eixo leitura como algo que supere a simples conexão de consoantes e vogais. Já que ler é ir muito além das palavras e informações explícitas.
Ler é interpretar o texto, o contexto, o discurso e até o intertexto. Por essa razão, o desenvolvimento dessa habilidade complexa exige o comprometimento de toda a comunidade escolar.
Assim, tendo em mente que a leitura comporta várias dimensões (a cognitiva, a social e a linguística) é fundamental que a escola trabalhe essa multiplicidade. De modo a adotar diversas estratégias para que o desenvolvimento da habilidade leitora dos estudantes não seja uma ação isolada, mas que envolva os vários atores da escola.
Considerando esse desafio, destacamos abaixo formas de como o gestor escolar pode intervir para tornar o desenvolvimento da habilidade uma prática mais acessível e permanente aos estudantes. Vamos aos destaques!
A leitura está em tudo!
A leitura está nos outdoors de propaganda espalhados pelas ruas, na bula dos remédios, na receita do almoço, nas redes sociais, no jornal diário e nas notícias publicadas sobre política e economia.
Esse fato te faz lembrar alguém? Ele mesmo, Paulo Freire! Um trecho de uma das suas falas mais marcantes,“A leitura do mundo precede a leitura da palavra”, incita a reflexão de que muito antes de compreendermos a decodificação de signos, o mundo à nossa volta se impõe a nós.
Isso significa que o mundo e as palavras estão interconectados! Ou melhor, essas duas dimensões se retroalimentam. E como a escola pode ser o primeiro e talvez único espaço em que o estudante é incentivado a ler, ela assume um papel imprescindível: dar condições para que essa interconexão aconteça de uma forma plena, consciente e crítica.
Por isso, gestor, o incentivo à leitura nas escolas é fundamental. Desde a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, a prática da leitura e o interesse pela leitura devem ser plantados em cada aluno.
O incentivo à leitura nas escolas deve acontecer o ano todo
O gosto pela leitura se aprende! Isso não é feito de forma instantânea e, muito menos, pontual. A construção desse interesse, como o próprio nome sugere, é feita passo a passo. Com afeto, cuidado e persistência. Devendo, na escola, ser proporcionada em diversas atividades durante o ano todo e combinadas com atividades lúdicas.
O papel do gestor é incentivar que a leitura não seja uma ação pontual, como ler para fazer exercícios e avaliações. Embora sejam ações importantíssimas do cotidiano escolar, desvincular a leitura das atividades obrigatórias pode transformar o modo como os estudantes a enxergam.
Por isso, insista em ampliar as possibilidades de práticas que envolvam a leitura em ações diversificadas! Veja abaixo algumas dicas que podem ser adotadas na sua escola.
Conversa com autores
Já pensou em levar um escritor para conversar com os seus estudantes? A ação pode exigir muito planejamento da escola e a criação de parcerias, mas já imaginou como pode ser mágico?
Conhecer o escritor ou escritora de um livro vai transformar a experiência dos seus alunos. Uma vez que personificar e dar cores ao autor, que muitas vezes ocupa um lugar meio distante na mente do leitor, tende a humanizar o processo de escrita e de imaginação, mostrando para os estudantes que ler, escrever e criar são coisas muito possíveis e incríveis!
Projetos de leitura
O projeto de leitura é uma metodologia ativa de ensino que provoca a capacidade de análise e de intervenção. O formato tem o potencial de desenvolver de modo mais completo diversas competências dos discentes, já que pode combinar diferentes atividades e metodologias.
Dica extra: a temática do projeto pode partir de um diálogo com os alunos ou de uma problemática que atravesse a realidade da escola.
Saraus
Os saraus são eventos que combinam música, poesia, leitura, dança e outras manifestações artísticas. Comumente as escolas exploram esse formato no segmento infantil, mas nossa ideia aqui é ampliar para outros momentos da trajetória formativa do estudante.
Combinar a leitura com outros gêneros artísticos tende a proporcionar aos estudantes uma outra maneira de construir interconexão entre o mundo e a escola, além de ampliar sua sensibilidade artística.
À medida em que incentiva eventos desse tipo, a gestão cria oportunidades para que várias competências da BNCC sejam mobilizadas.
Como a competência geral 3, que aponta a importância da ampliação de repertório cultural e incentiva valorização às diversas manifestações culturais e artísticas, a fim de reconhecer a pluralidade de saberes e assim estimular o estudante ao processo criativo.
Concursos de leitura
Gestor, conhece os concursos de leitura? Você sabia que são oportunidades muito completas no desenvolvimento de habilidades leitoras dos seus estudantes? Vem, vamos te contar melhor!
Os concursos de leitura possuem diversos formatos. Mas geralmente são elaborados como projetos que buscam incentivar a habilidade leitora por meio de uma competição saudável entre os estudantes.
Além de oportunizar formação humana e social, possibilitam que o estudante seja desafiado a trabalhar sua criatividade e imaginação. Isto é, suscitando um aprendizado multifacetado.
Uma conversa franca!
Você já teve uma conversa franca com seus alunos sobre o cenário da leitura no Brasil? Tendemos a diminuir sua capacidade de compreensão, achando que eles são jovens demais para entender as coisas. O que torna comum repetirmos o tempo inteiro que eles precisam ler mais. Mas será que o motivo é claro? Então, chegou a hora de fazer diferente!
Conversar e mostrar aos estudantes as várias pesquisas sobre leitura, assim como demonstrar o cenário brasileiro no contexto do analfabetismo, pode ser um caminho assertivo no incentivo à leitura nas escolas! Para o IBGE, há 11 milhões de pessoas acima de 15 anos sem saber ler e escrever. Você e seus estudantes sabiam disso?
Ah! E no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), entre 79 países, também não vamos bem, já que ficamos no 57° lugar em leitura. Trazer uma discussão em torno desses dados pode, além de mostrar a realidade nacional, inspirá-los a mudar esse cenário.
Claro que nenhum desses dados é isolado da questão social. É preciso considerar que a escola, as famílias e até mesmo as políticas públicas também estão trabalhando para transformar essa realidade.