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Formação continuada de professores: qual a importância?

Formação continuada de professores: qual a importância?

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Formação continuada de professores: qual é a importância?

Engana-se quem acredita que o sucesso na prática docente está relacionado ao número de especializações descritas no currículo. A formação continuada é um processo que vai muito além da conclusão de um curso e, como postura, deve ter seu ponto de partida na inquietação, na reflexão.

É isso o que afirmam as especialistas Cristiane Mori, fonoaudióloga e mestre em linguística pela Unicamp, e Angela Kim, professora, pedagoga e mestre em linguística aplicada pela PUC. Acompanhe mais detalhes das entrevistas e aproveite para refletir sobre como a formação continuada de professores também é um papel do gestor escolar.

Qual é a importância da formação continuada de professores?

Cristiane Mori: A primeira coisa que a gente tem de pensar é que ela é igualmente importante para quem teve uma formação inicial sólida, bem sucedida e para quem não teve.

Sendo assim, é ilusório imaginar que aquele sujeito que teve uma formação inicial completa, com muita reflexão sobre a prática, prescinde da formação continuada, ele também precisa dela.

E isso acontece por algumas razões. A principal delas é que o professor, principalmente o pedagogo, generalista, tem de lidar com um conjunto muito amplo de objetos de conhecimento, habilidades, com as quais precisa se preocupar.

Então, mesmo aquele profissional que teve uma formação sólida não necessariamente consegue saber tudo o que está sendo produzido, ninguém consegue. Por mais que ele se movimente, é muito difícil estar antenado com tudo. E a formação continuada, como eu entendo, oferece essa possibilidade.

Porém, isto é verdadeiro, especialmente no Brasil. O conceito de formação continuada também é importante para resgatar ou construir as bases do trabalho, para as falhas da formação. Então acho que a formação continuada é importante por essas duas linhas. 

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Pensando na formação continuada de professores, como escolher um curso inicial?

Angela Kim: Em primeiro lugar, entender quais são as concepções, o embasamento do formador, da instituição que está fornecendo a formação. Afinal, temos diferentes concepções de educação.

Dependendo de como você acredita que o aluno aprende e, consequentemente, de como o professor deve ensinar, você vai ter formações que oferecem coisas bem diferentes, acho que essa é uma das maneiras de escolher um curso inicial.

Se eu fosse procurar uma formação, se fosse a uma instituição, eu olharia os outros cursos que ela oferece, indicações de colegas, notícias. Também pode ser interessante procurar pelo programa do curso, a metodologia e o conteúdo, já que tudo isso reflete a concepção da educação, da escola.

Assim como quando a gente vai ler um livro, a gente vai olhar a orelha, a contracapa, a resenha, aumentando as chances de você gostar da leitura. Assim é a formação. 

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Após a formação inicial, o que caracteriza um curso como de formação continuada de professores?

Cristiane Mori: A formação continuada, antes de ser continuada, ela precisa ser formação, e não é qualquer curso que possuirá esse caráter.

A formação não se faz só de informação, não é à toa que recebeu esse nome. Muitos cursos poderão ter conteúdos até adequados, atualizados, interessantes, mas não garantem o ensino porque se propõem a isso, não têm a contraparte de interpelar, de convocar à prática.

Não estou dizendo que ele tem que ter uma parte prática, mas entendo que, para ser formativo, o curso tem que interpelar a prática. Eu preciso questionar, pensar se isso conversa, conflitua com a minha prática. Claro que qualquer curso pode ter um efeito nesse sentido, ter uma consequência formativa, mas não é todo curso que tem esse propósito.

O que é formativo não é nem a (parte) prática do curso, mas conseguir tocar em crenças do professor, paradigmas que o impedem de ver outras possibilidades, isso é formativo.

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Os livros que refletem sobre a prática docente, por exemplo, que deslocam o professor para a reflexão dela, podem ser considerados uma formação continuada?

Cristiane Mori: Eu acho que sim. Isso tem a ver com o efeito que sobre a sua prática, então acho que pode e que acontece conosco o tempo todo.

Eu tenho 30 anos de experiência como professora e frequentemente leio coisas que me impactam, um livro, que convoca à minha prática, meu modo de avaliar, de agrupar estudantes numa atividade, por exemplo. Então, sim, acho que isso é formação continuada.

O professor tem que ser um eterno pesquisador. Isso é verdade em todas as profissões, mas é particularmente verdadeiro na docência. Dizer que é um eterno pesquisador é isso, você está o tempo todo estudando e pesquisando a sua própria prática, refletindo sobre ela e cotejando a sua prática com aquilo que você está estudando.

Então, sim, eu diria que é formação continuada nesse sentido mais lato que a formação continuada tem.

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De que modo a teoria e a prática devem dialogar na formação continuada? Algum aspecto deve prevalecer?

Angela Kim: Eu tenho certeza que as duas devem caminhar juntas. A teoria é muito importante, mas só vai fazer sentido quando encontrar a prática. E esta, por si só, acho que deixa o professor patinando. 

O que eu acho bem importante que aconteça, não é só que essas coisas caminhem juntas, mas é como que acontece essa articulação entre teoria e prática. Porque essa articulação não é só uma aplicação do que se vê na teoria. Na verdade, é um ir e vir, uma transformação, não é só uma transposição, é um diálogo. Partir da prática, problematizá-la.

Para termos uma educação de qualidade, é essencial que o professor seja esse ser que reflete. Ele deve partir de um problema, de um questionamento, e buscar na teoria o que especialistas estão falando, mas não é uma coisa cega.

O professor deve estudar, observar e avaliar como os alunos respondem. O parâmetro do professor é sempre a aprendizagem dos alunos. É preciso se questionar sobre como isso está ajudando os alunos a aprenderem.

E aí é possível transformar a minha prática, fazendo um ciclo, porque eu transformo a minha prática, mas eu vou encontrando outras questões, volto para teoria. Eu acho que é importante esse tipo de articulação.

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Qual o papel da gestão escolar na garantia da formação continuada de professores? Como ela pode contribuir?

Angela Kim: Essa é uma excelente pergunta, porque antes mesmo da gente pensar na formação continuada, a equipe gestora é responsável junto com o professor por tudo que se refere à aprendizagem. 

É preciso corresponsabilizar, apesar de termos a tendência de pensar só na figura do professor. Mas este é um trabalho em equipe mesmo. Afinal, a equipe gestora, junto com o professor, o coordenador pedagógico, e cada um dos gestores da escola, deve ver a escola a partir de um olhar diferente.

O professor tem um olhar da série, da sala, e o coordenador pedagógico vai ter da série ou do segmento como um todo. E o coordenador pedagógico é um formador, responsável também pela formação do professor. Então, nas escolas, o coordenador pedagógico é responsável por essa cultura.

No momento em que a equipe gestora vai atrás da formação, pode buscar uma opção que contemple melhor as necessidades da escola e de cada segmento. É a equipe gestora que vai analisar as necessidades específicas considerando a visão do projeto político pedagógico.

Nesse sentido, também serão observadas formações que tenham mais a ver com a orientação pedagógica da escola e maneiras de fornecer condições para que ela aconteça. 

Além de abrir um espaço na carga horária, é possível criar condições para começar e dar continuidade a essa formação, garantindo que as aprendizagens sejam incorporadas pela escola e se mantenham, mesmo que o professor não permaneça naquela turma ou na escola.

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Educadores, esperamos que esse diálogo sobre a formação continuada de professores sirva de incentivo para uma prática ainda mais reflexiva. Da mesma maneira, gostaríamos que ela ajudasse você a buscar novos caminhos para o aprimoramento da sua atuação.

Pensando nisso, é importante destacar uma fala da professora Cristiane Mori: a leitura é altamente formativa, não apenas para o vocabulário mais pelo enriquecimento da estruturação do discurso, o que é importantíssimo para o exercício da docência e aprimoramento da prática.

Por isso, agora que você conhece a importância da formação continuada para professores, escolas e alunos, continue lendo na Árvore!

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