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Games na educação: por que usar e exemplos práticos

Games na educação: por que usar e exemplos práticos

23 set 2016
5 min
Post modificado em:
9/11/2021

Os jogos sempre estiveram na vida das pessoas e em sala de aula. No entanto, com o avanço da tecnologia, as formas de aprendizagem utilizando estes elementos se transformaram. Os antigos jogos de tabuleiro ou cartas, então, deram espaço aos modelos digitais, incluindo os videogames e os desenvolvidos para computadores e smartphones.

Com isso, uma grande oportunidade surgiu para os educadores e, com elas, algumas questões: como utilizar jogos digitais em sala de aula? Como aliar games e educação?

Confira, nesse artigo, dicas e exemplos que podem ajudar a sua gestão escolar com a questão dos games na escola. Boa leitura!

Qual é a importância dos games na educação?

Um game pode ser jogado sozinho ou em grupo, seguindo regras e envolvendo habilidades como força, raciocínio lógico, ou até mesmo sorte. Essa estrutura está muito presente no dia a dia escolar, principalmente quando nos deparamos com atividades que requerem que os estudantes superem obstáculos e atinjam metas.

No dia a dia, eles também precisam elaborar soluções para desafios, conquistando pontos para avançar em uma determinada missão. Por isso, o educador que utiliza essa abordagem em sala, seja de forma tradicional ou com o suporte de ferramentas digitais, está intuitivamente adotando um processo de gamificação.

Em outras palavras, por meio da utilização de jogos na educação, a instituição de ensino aplica elementos da dinâmica dos games nas atividades do cotidiano. Com isso, o aluno expande os horizontes pedagógicos por meio de atividades motivadoras e divertidas.

Leia também: Gamificação na educação: como usar para engajar seus alunos?

Gamificação em sala de aula: quais são os benefícios?

O poder dos jogos no ambiente educacional pode ser grande, e normalmente envolve quatro pontos principais. Uma vez que eles influenciam diretamente a aprendizagem, podem ser considerados como vantagens dessa iniciativa:

1. Desafios de vários níveis

É o conhecido “passar de fase”. Após cumprir determinado desafio, o jogador é recompensado com a ida para outra fase, mais complexa e com aventuras diferentes.

O mesmo ocorre em jogos que premiam com medalhas e selos: o jogador pode se sentir motivado pelo desafio de conquistar um selo muito difícil ou escasso, e assim continuar sua jornada pelo jogo.

2. Compreensão de narrativas

A grande maioria dos jogos é baseada em narrativas, ou seja, histórias fictícias (ou nem tanto!) sobre as quais a ação irá se desenvolver. Nesse sentido, um contexto é apresentado ao jogador:

  • tempo histórico;
  • local em que se passa a narrativa;
  • personagem principal (quem é ele: um herói, um conquistador, uma pessoa comum que terá que passar por grandes desafios?);
  • a situação problema que deve ser solucionada (o que precisa ser conquistado e por quê? Há restrições de recursos para atingir o objetivo?).

Para ter um desempenho satisfatório, o jogador deve compreender a narrativa de maneira suficientemente clara e, a partir disso, “entrar” na história. Ele precisa sentir que pode ser o personagem do jogo, o protagonista nesta história.

3. Personalização

Para aumentar ainda mais a sensação de pertencimento e protagonismo, os jogos trabalham normalmente com avatares, ou seja, figuras que representam o jogador. Esses personagens são controláveis e, de acordo com o game, podem ser personalizados como quisermos.

Ao desenvolver seu avatar, o jogador pode fazer uma espécie de autorretrato ou criar uma identidade nova. Ambas as alternativas são úteis, desde que o aluno sinta-se parte integrante do jogo, aumentando o processo de identificação com a narrativa.

Leia também: Inteligência artificial na educação: como funciona?

4. Recompensa em desenvolver habilidades

Cada jogo demanda habilidades específicas para o cumprimento das metas, como no mundialmente famoso“Minecraft”. Nesse game, os jogadores estão imersos em um mundo comum, proporcionado pelo jogo. Porém, suas ações em tal ambiente variam de acordo com a vontade e a bagagem que cada jogador carrega.

Assim, quem for mais hábil na construção terá uma casa melhor. O que for mais habilidoso na caça e na exploração terá itens mais difíceis de serem encontrados e assim por diante. Ao aprimorar competências específicas para completar os desafios, o aluno vai também se formando para outros contextos de vida.

Leia também: Games e educação sob a perspectiva da neurociência

O que a BNCC fala sobre o uso de jogos?

A Base Nacional Comum Curricular reconhece os jogos como parte integrante do universo de crianças e adolescentes das novas gerações, e os inclui nas competências gerais e habilidades específicas para toda a Educação Básica.

Além disso, a BNCC também especifica habilidades relacionadas aos jogos em alguns níveis de ensino, já que permite a resolução de conflitos nas interações e brincadeiras com a orientação de um adulto.

Ela também entende que a utilização de jogos pode ser uma metodologia efetiva para o processo de ensino-aprendizagem, despertando o interesse dos alunos e tornando as aulas mais lúdicas e dinâmicas.

Sendo assim, segundo a BNCC, o uso de jogos pode ser uma estratégia pedagógica interessante para engajar os alunos e facilitar o aprendizado, desde que seja aplicado de maneira adequada e alinhada aos objetivos educacionais.

Leia também: Planejamento Escolar: como deixar sua escola alinhada à BNCC

Confira três exemplos de jogos digitais para a educação

Assim como o universo dos filmes e da literatura, o dos games oferece vários atrativos para o jovem que está se formando. Com isso em mente, selecionamos alguns jogos digitais voltados para a prática pedagógica.

É importante ressaltar que todas as alternativas mencionadas na lista estão disponíveis para várias plataformas, ou seja, eles podem ser jogados tanto em computadores quanto em tablets e até mesmo videogames.

Com exceção do Machinarium, todos estão disponíveis em português. Isso significa que, ao fazer a dublagem, as equipes envolvidas levam em consideração a forma de falar do português brasileiro e não a do português europeu, atribuindo uma familiaridade maior para o jogador.

Leia também: Confira 7 filmes que mostram a importância da leitura

1. Valiant Hearts

Uma narrativa histórica da Primeira Guerra Mundial, Valiant Hearts é um jogo recomendado para maiores de 12 anos. Com legendas em português, é uma opção extremamente atrativa para desenvolver a relação entre um fato histórico e a linha da narrativa.

O game coloca o jogador imerso no ambiente da Primeira Guerra Mundial, mostrando as diferentes perspectivas do conflito. Além disso, apresenta várias questões histórico-sociais, como o papel da mulher, a comunicação por meio de cartas e a diferença entre culturas.

O jogo faz um panorama sobre o conflito de uma forma pouco explorada nos livros de história, atribuindo um caráter mais lúdico à narrativa, já que os desenhos assemelham-se muito às histórias em quadrinho.

Ouça no Plantando Histórias: O encontro do livro com o digital

2. Child of Light

Child of Light apresenta uma narrativa do mundo da fantasia e a expõe por meio de rimas. Esse é um jogo recomendado para maiores de 10 anos e apresenta texto e narração disponíveis em português.

Ele pode ser jogado tanto pelos alunos que gostam de português e de literatura quanto pelos que gostam de matemática e de ciências exatas. Nele, somos apresentados a uma narrativa muito similar às das histórias dos contos de fada e de fantasia.

Todas as falas dos personagens e do narrador aparecem rimadas, e os professores de língua portuguesa podem fazer uma aproximação à poesia, mostrando suas diferenças em relação aos textos em prosa.

Quanto à estética, as imagens presentes no jogo fazem referências aos vitrais das catedrais e à arte medieval. Além disso, os cenários utilizam texturas que se assemelham a pinturas. Esse caráter imagético pode ser utilizado pelos professores de artes.

As lutas presentes são embates por turnos: em cada ataque o jogador deve pensar no golpe que irá deferir em seu adversário, desenvolvendo sua estratégia para, assim, alcançar a vitória. Isso faz com que ele acabe sendo bem-parecido com os jogos de xadrez ou damas.

Ouça no Plantando Histórias: Escolas criativas

3. Machinarium

Machinarium é um jogo em inglês sem classificação definida. Ele apresenta temas atuais por meio de jogo de lógica, o que o torna muito interessante para o ambiente escolar, pois trata de temas atuais com uma elegância não muito comum aos games.

Da mesma forma que no filme “Wall-E”, vemos nesse jogo a temática da sustentabilidade e do tão em moda atualmente mundo pós-apocalíptico.

Esse jogo tem sua estrutura desenvolvida através de pequenos quebra-cabeças que precisam ser solucionados para que o jogador avance na história. Os enigmas e as estratégias requerem pensamento lógico, além de instigar questões sobre a sustentabilidade e outros temas atuais.

Alguns professores podem achar o fato de o jogo estar em inglês um problema. Porém, como não existem muitos diálogos, as poucas partes em inglês são uma boa chance para desenvolver atividades interdisciplinares entre as matérias de português, artes e inglês.

Leia também: Com recursos digitais, jovens aprendem a gostar de ler

Além da sala de aula

Muitos pais e professores consideram os games genuinamente educacionais, pois as habilidades desenvolvidas neles vão muito além da ciência e da tecnologia. Porém, o segredo dos jogos não está no jogo em si, mas sim na atividade do jogador.

As atividades como buscar vídeos no YouTube, mostrando como se passa de fase, o chamado walk-through, ou, ainda, buscar informações em sites, são artifícios muito interessantes para os estudantes. A gamificação motiva as crianças a ler, e, por muitas vezes, consumir conteúdos considerados acima do seu nível de compreensão.

Por isso, da próxima vez que nos depararmos com os jogos digitais em sala de aula, devemos ter em mente que eles podem ser mais do que meros passatempos, já que são uma fonte educacional riquíssima. Para isso, é só saber escolher.

Para saber mais sobre o assunto e adequar sua instituição às tendências educacionais do mercado sem abrir mão da qualidade do ensino oferecido e da formação dos seus alunos, confira dicas imperdíveis para implementar o ensino híbrido na sua escola!

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