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Educação antirracista: como a leitura pode ajudar

Educação antirracista: como a leitura pode ajudar

13 jun 2022
3 min
Post modificado em:
13/6/2022

Educador, quer fazer a diferença na sua comunidade escolar a partir de uma educação antirracista e inclusiva? Que tal refletir sobre o tema e aplicar atividades práticas que reconheçam e valorizem a diversidade cultural do nosso país? 

Aqui, vamos te apresentar sugestões e dicas de livros para iniciar essa ação transformadora nas suas aulas agora mesmo! Vamos lá?!

O que é educação antirracista?

A educação antirracista é aquela que promove a valorização e reconhecimento da identidade, da diversidade, das religiões, do pensamento, da arte e da importância de toda cultura africana e indígena no Brasil e no mundo. Visando desconstruir, assim, estereótipos que atingem  toda a sociedade de diferentes formas. 

Para além de refletir sobre o tema em datas pontuais do calendário, a educação antirracista é multifacetada e deve atravessar todas as aulas, atividades e projetos, de modo integrado a toda a escola. Promovendo a construção de práticas na comunidade escolar para trabalhar diversidade e educação étnico-racial.

Dados e educação antirracista

Reconhecendo que o racismo está em toda a estrutura social, influenciando nossas representações e imaginário, a escola, comprometida com essa educação inclusiva e multicultural, não ignora a desigualdade social e racial brasileira. 

E os dados espelham essa realidade! Em um guia sobre evasão escolar, lançado pelo Observatório de Educação, os números apontam que o abandono e a evasão escolar entre estudantes negros e indígenas de 4 a 17 anos correspondem a mais de 70% das crianças e adolescentes fora da escola, nesta faixa etária.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua 2019), indica que, entre os  jovens de 15 anos ou mais, os negros também são maioria nos índices de analfabetismo. 

Sobre aqueles que concluíram o Ensino Médio em 2019, entre os brancos,  57% completaram a etapa, enquanto entre os negros, apenas 41.8%, uma diferença de 15 pontos percentuais.

De olho na BNCC! 

A Base Nacional Comum Curricular aponta, ao longo da seção introdutória, a importância de uma educação com foco em equidade. Conforme o trecho destacado abaixo:

“[...] um planejamento com foco na equidade também exige um claro compromisso de reverter a situação de exclusão histórica que marginaliza grupos – como os povos indígenas originários e as populações das comunidades remanescentes de quilombos e demais afrodescendentes – e as pessoas que não puderam estudar ou completar sua escolaridade na idade própria”(p.15) 

Desse modo, uma escola que adota a perspectiva antirracista constrói e reflete continuamente práticas pedagógicas diversas de inclusão e valorização dos estudantes negros e indígenas. Esse movimento contribui para a mudança, a longo prazo, dessa estrutura de desigualdade social. 

Saiba como promover uma educação antirracista!

Sabemos que a instituição da  Lei 10.639/03 e sua atualização em 2008 como Lei 11.645, é um mecanismo legal em prol da equidade que tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira e indígena em todas as instituições de ensino. 

Este ensino deve evidenciar a contribuição do povo negro e dos povos indígenas nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. O estudo da história, sua cultura e sua participação na formação da sociedade nacional são conteúdos que precisam constar nos currículos. 

Entretanto, é muito comum que surjam dúvidas sobre como aplicá-lo e como tornar essa prática realmente efetiva no cotidiano da escola.  Considerando o desafio, separamos algumas ações fundamentais que devem compor sua estratégia para a educação antirracista nas aulas.

- Formação inicial e continuada

A formação inicial tem um papel fundamental para o fomento de uma educação antirracista. Esse talvez seja o primeiro passo para aqueles que não dominam o tema e vão planejar atividades e práticas com uma abordagem adequada em sala.

Enquanto a formação continuada permitirá um aprofundamento da escuta, discussão, interação e atualização de conhecimentos que ampliem a perspectiva multicultural. E assim, dê condições para construir com os estudantes uma educação transformadora.

- Destacar as contribuições para a ciência e para a cultura

Você sabia que há milhares de anos a África já possuía civilizações e impérios com conhecimentos avançados sobre agricultura, metalurgia, arquitetura, medicina, geometria e astronomia? Um exemplo é a origem da cirurgia de cesariana no povo Banyoro, no local que hoje conhecemos como Uganda.

No livro “A matriz africana no mundo”, a autora Elisa Larkin nos conta sobre o avançado método cirúrgico e como algumas técnicas da medicina eram muito desenvolvidas para época, como a assepsia, a anestesia e a cauterização. 

Outro exemplo são os registros extremamente complexos de astronomia do povo Dogon, onde hoje é o país Mali. Há seis ou sete séculos atrás, eles já descreviam a estrutura espiral da via Láctea, luas de Júpiter e anéis de Saturno.

Ah! E no país que hoje conhecemos como Zimbábue, temos um grande feito de engenharia. A construção da fortaleza de Monomotapa, ou grande Zimbábue, é algo que até hoje intriga muitos estudiosos, dada a grandeza de suas proporções e resistência. 

Esses fatos são pouco conhecidos, mas são informações valiosas para reconhecer, valorizar e enaltecer a população negra. E, assim, criando nos estudantes, em suas diversidades, novas representações e imaginários! 

- Compartilhe ideias

A troca de práticas pedagógicas que valorizam as manifestações científicas, artísticas e culturais africanas e indígenas pode ser uma ação integrada na sua escola, principalmente entre redes ou instituições parceiras.

Participar de eventos e combinar com a gestão o fomento de palestras sobre a temática, é um caminho possível e enriquecedor.

Outra ideia é a criação de um grupo de boas práticas com a participação de educadores das várias áreas do conhecimento e escolas. Por meio das diversas contribuições dos componentes curriculares, perspectivas e particularidades de cada realidade, é possível potencializar as ações nas suas aulas!

- Destacar referências

Conhecer, ler, escutar e consumir conteúdos produzidos por pessoas negras é um importante passo rumo ao enfrentamento do racismo. Além da valorização do trabalho dessas pessoas, essas ações tendem a construir nos nossos inconscientes novos repertórios e, portanto, novas reações e percepções sobre esses indivíduos na sociedade, colaborando no combate ao racismo. Por isso, siga, leia e compartilhe essas figuras e inspire seus estudantes a fazer o mesmo!

Nesta seção, vamos te ajudar destacando alguns nomes importantes para a ciência, pensamento e cultura na nossa sociedade. 

  • Jaqueline Goes de Jesus: é biomédica, doutora em patologia humana e pesquisadora brasileira. Atuou na luta contra a COVID-19, coordenando a primeira equipe no sequenciamento do genoma do novo coronavírus no Brasil.

  • Neil deGrasse Tyson: astrofísico, escritor e divulgador científico dos Estados Unidos. É também diretor do Planetário Hayden no Centro Rose para a Terra e o Espaço, em Nova York.

  • Sônia Guimarães: é a primeira mulher negra doutora em física no Brasil. A cientista é também a primeira mulher negra a se tornar professora do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, o ITA, que tem seu vestibular considerado um dos mais difíceis do país;

  • Milton Santos: é baiano, geógrafo, advogado, escritor e professor. Um dos mais renomados intelectuais do século XX, iniciou sua carreira internacional em 1964. Tornando-se professor convidado em diversas universidades do mundo, como França, Estados Unidos, Canadá, Venezuela e Tanzânia.

  • Emicida: referência para o hip hop nacional, Leandro Roque de Oliveira é rapper e compositor. Sua produção traduz, com muita sensibilidade, o cotidiano fragilizado e os desafios de homens e mulheres negros, mas principalmente de jovens moradores dos espaços excluídos socialmente.

  • Lélia Gonzalez: um dos nomes mais importantes para o movimento negro brasileiro e internacional. Sua extensa contribuição intelectual é considerada como indispensável para refletir sobre o papel da mulher negra na nossa sociedade. Gonzalez é filósofa, historiadora, escritora e ativista.

  • Djamila Ribeiro: primeira mulher negra eleita para a academia de letras de São Paulo, é filósofa, escritora e professora.  Pesquisadora do campo do feminismo e das relações raciais e de gênero, tem produções traduzidas para o alemão, francês, espanhol e italiano.

O papel da leitura na educação antirracista

A leitura tem um papel fundamental na construção de conhecimento, no processo de ensino e aprendizagem e no contato com diferentes tempos, realidades e costumes. Na educação antirracista, isso não seria diferente. Seu papel é de ampliar repertórios e enriquecer nosso imaginário e representações! 

Assim, é essencial que a escola se engaje ativamente nesse movimento de resgate e valorização das contribuições negras e indígenas, dado que uma das consequências do racismo é afetar as representações intelectuais. 

A educação antirracista que propomos envolve, então, ressaltar essas referências positivas atuais, indígenas e de matrizes africanas na nossa produção de conhecimento.

O destaque das diversas referências pode inspirar os estudantes e ajudá-los a valorizar a diversidade de intelectuais negros e indígenas. Além disso, é uma forma de contribuir para a identificação e construção de autoestima. 

Ideias de livros para educação antirracista

Para te apoiar nesse processo, separamos alguns livros para engajar na construção de uma educação antirracista na sua escola! 

Educação Infantil:

  • Sulwe, de Lupita Nyong'o: repleto de ilustrações lindíssimas, o livro da atriz quênio-mexicana aborda, por meio de uma narrativa leve, os padrões de beleza. Um livro emocionante que incentiva novas releituras sobre beleza e identidade.

  • 12 brincadeiras indígenas e africanas da etnia Maraguá e de povos do Sudão do Sul, de Rogério Andrade Barbosa, Yaguarê Yamã: é brincando que se aprende! E é por meio do universo das brincadeiras que o livro vai ensinar sobre cultura e diversidade. Uma ótima forma para tratar do assunto com os pequenos!

Anos Iniciais do Ensino Fundamental:

  • Contos indígenas brasileiros, de Daniel Munduruku: é por meio dos mitos que o escritor indígena vai retratar com riqueza de detalhes e curiosidades a herança cultural indígena brasileira. Conhecer um dos aspectos mais importantes da cultura indígena é fundamental para o desenvolvimento de empatia e respeito.

  • Flávia e o bolo de chocolate, de Míriam Leitão: o terceiro livro infantil da jornalista, aborda temas sensíveis como adoção e questões raciais combinando o lúdico e a leveza. As imagens deixam toda a história ainda mais encantadora! 

Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio:

  • Um encontro com a liberdade, de Júlio Emílio Braz: a narrativa cativante coloca em evidência uma perspectiva pouco explorada nos estudos sobre um dos mais marcantes fatos da história brasileira: a escravidão. Abordando nomes como José do Patrocínio, o livro traz memórias e questões fundamentais que ainda se perpetuam nos dias atuais na nossa sociedade. 
  • Filosofias africanas, uma introdução, Nei Lopes, Luiz Antonio Simas: o livro é riquíssimo! Além de saberes ancestrais africanos, a obra destaca provérbios, diversidade multicultural e ensinamentos passados por gerações através da oralidade.

Para você, educador!

  • Escritos de uma vida, de Sueli Carneiro: a partir de uma longa pesquisa, o livro de uma das maiores intelectuais da contemporaneidade, vai te ajudar a entender como a condição social da mulher, a desigualdade e as questões raciais se interconectam.

  • Racismo estrutural, de Silvio Almeida: Uma obra essencial para entender como o racismo está para além das motivações pessoais. Integrando assim, as diversas relações que permeiam a nossa sociedade, principalmente na cultura, na economia e na política. 

Bom, agora que você já conhece livros e referências para te ajudar a colocar em prática uma educação antirracista na sua escola, o que acha de participar de discussões e ações compartilhadas com escola das redes públicas e privadas de todo o país? Ficou animado com a ideia? Veja como a Árvore pode te ajudar!

Programa de Educação Antirracista da Árvore

O Programa de Educação Antirracista é uma iniciativa da Árvore que tem o objetivo de provocar leituras, reflexões, discussões e ações na direção da construção de uma escola e um mundo mais igualitário e que celebre a diversidade.

O programa visa ajudar escolas de todo o país a educarem e construírem uma escola antirracista que promova equidade dentro e fora de seus muros.

A participação possibilita acesso à leituras direcionadas na plataforma Árvore Livros, com suporte de materiais preparados pelo time de especialistas da Árvore. Além de uma sugestão de livros e materiais pedagógicos, você também terá acesso ao planejamento de ações específicas que podem ser desenvolvidas no cotidiano escolar.

Não perca a oportunidade de tornar a sua escola um espaço acolhedor e gerador de mudanças. Educador, conheça mais do Programa de Educação Antirracista da Árvore aqui e agora!

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