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Defasagem escolar: como a leitura pode ajudar

Defasagem escolar: como a leitura pode ajudar

20 jun 2022
4 min
Post modificado em:
20/6/2022

Os efeitos da pandemia na educação ao redor do mundo, mesmo com o retorno às aulas presenciais, não deixam de ficar cada dia mais evidentes e preocupantes à medida em que pesquisas e dados vão sendo levantados. 

Se durante o auge do número de casos de Covid-19 o desafio era garantir acesso às aulas e aos conteúdos aos estudantes, agora, com o retorno ao presencial, as atenções se voltaram para a defasagem escolar dessas crianças e adolescentes. 

Como a escola lida com esse cenário? Recompor a aprendizagem para reverter a defasagem escolar e buscar soluções para outras questões que vão sendo percebidas, como as de saúde mental, tem sido um desafio de equilibrar dificuldades e expectativas de toda a comunidade escolar envolvida. 

No texto de hoje vamos falar como a leitura pode ser um recurso fundamental nesse momento delicado vivido pelas instituições de ensino e apoiar o educador em suas práticas pedagógicas a fim de encontrar ferramentas para lidar com essas demandas. 

Cenário da educação no contexto pós pandemia 

Um estudo da UNICEF, sobre o Cenário da Exclusão Escolar no Brasil, aponta números alarmantes: o país corre o risco de regredir mais de duas décadas no acesso de crianças e jovens à educação. 

O que vinha avançando lentamente, entre 2016 até 2019, retrocedeu rapidamente. E em novembro de 2020, mais de 5 milhões de meninas e meninos de 6 a 17 anos não tinham acesso à educação no Brasil. 

O resultado de todas as idas e vindas das aulas presenciais durante a pandemia nas escolas brasileiras, foi uma média de mais de 279 dias sem aulas presenciais, considerando rede pública e privada de ensino. 

O retorno ao presencial

Ao planejar o retorno às aulas no ano letivo de 2022, considerando um cenário onde já era possível retomar 100% o ensino presencial, gestores e coordenadores elaboraram um plano de ação que considerasse diferentes aspectos, incluindo e priorizando a defasagem escolar. 

Por mais que o ensino remoto tenha sido de qualidade em muitas escolas, a verdade é que ele foi colocado em prática com senso de urgência e entregando o que era possível dentro das diversas realidades das escolas. 

Por isso, mesmo nas instituições com grande estrutura para aulas online, as perdas do isolamento, as dificuldades que as famílias estavam enfrentando e as lacunas de aprendizagem que passaram despercebidas precisaram ser consideradas nesse retorno. 

Ficou claro que elaborar um planejamento que contemplasse uma parte do ano letivo para recompor o que havia sido perdido no sentido de aprendizagem era uma prioridade. Porém, na prática, muitas escolas perceberam que o tempo disponibilizado para esse fim não foi o suficiente. 

A volta às aulas não foi um retorno pós férias, os estudantes iniciaram o ano com muito mais questões relativas aos efeitos da pandemia que os problemas com conteúdo escolar. Falta de conexão com a escola, insegurança, ansiedade e dificuldades de relacionamento são só alguns exemplos dessas questões, ainda segundo o estudo “Cenário da Exclusão Escolar no Brasil”. 

Ou seja, a questão da defasagem escolar, que contempla a importância de garantir a aprendizagem dos estudantes em relação aos conteúdos, se torna, dentro desse cenário, apenas mais um desafio para as escolas. 

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A defasagem escolar e um olhar sobre a demanda dos estudantes

Dada toda essa complexidade, o que a escola pode fazer? Um dos pontos primordiais levantados pelos especialistas para lidar com tudo isso é o acolhimento. E não somente acolher o aluno em suas necessidades, mas acolher também as famílias, as expectativas, o corpo docente e as dificuldades de cada parte envolvida. 

O objetivo desse acolhimento não é simplesmente abraçar tudo isso e deixar as coisas acontecerem, correndo solto. A ideia é acolher para conhecer e mapear quais são os impedimentos e obstáculos de alcançar o que foi planejado, alinhar as expectativas e recalcular a rota. 

Essa etapa, talvez deva ser a primeira quando falamos de defasagem escolar, uma vez que, para a recomposição, avaliações diagnósticas e formativas, precisam ser aplicadas. Dessa forma, entendemos que a primeira avaliação diagnóstica será a emocional. 

Não que a escola precise tratar problemas de saúde mental, isso sequer é recomendado. O que precisa ser orientado aos educadores é a importância de perceber e identificar as carências, as dificuldades e as demandas para encaminhamentos assertivos e, caso seja necessário, com ajuda profissional. 

A leitura como ferramenta de acolhimento

Como foi dito no tópico anterior, acolher os desafios dos estudantes, com atenção e escuta ativa é o primeiro passo para compreender quais as dificuldades a escola vai precisar considerar no processo de recomposição das aprendizagens diante da defasagem escolar.. 

É também um ponto de partida para que você, gestor, saiba discernir o que pode ser apoiado pela escola e o que não vai ser possível atender, mas que a escola pode endereçar. 

Entretanto, nem sempre as dificuldades e os enfrentamentos dos alunos e educadores vão ficar visíveis. É preciso encontrar formas de dar espaço para que isso possa aparecer, de forma cuidadosa e atenta. 

A leitura pode contribuir muito nesse processo. Encontrar textos, histórias e autores que permitam que o leitor se conecte e consiga olhar para dentro e reconhecer suas angústias é um caminho que, além de enriquecedor, pode ser transformador.  

Dicas de leitura para acolhimento 

Para te ajudar a usar a leitura como uma aliada dentro desse contexto de defasagem escolar - em um sentido mais amplo do conceito - selecionamos livros para as diferentes etapas da educação básica que podem ser um ponto de partida para esse mapeamento das necessidades dos estudantes. 

Educação Infantil 

  • “Confie nos monstros” de Lauren Stockly: um livro para ajudar as crianças a lidar com suas emoções. Ezzy é um menino com emoções tão poderosas que vê seus sentimentos se transformarem em monstros e percebe que, para lidar com eles, é preciso compreendê-los.
  • “O menino que queria virar vento” de Pedro Kalil Auad: o que pode fazer uma criança quando bate em seu peito a saudade? Fruto de parceria afinada entre autor e ilustradora, o livro prova que para transpor longas distâncias entre pessoas que se amam é possível recorrer à imaginação e à sensibilidade.

Os dois livros abordam o reconhecimento e compreensão das emoções. Para essa fase, é essencial que os pequenos tenham ajuda e orientação para entender e dar nome ao que estão sentindo. 

Ensino Fundamental Anos Iniciais 

  • “A grande fábrica de palavras” de Agnès de Lestrade: existe um país onde as pessoas quase não falam. Neste estranho país, é preciso comprar palavras para poder pronunciá-las. O pequeno Philéas precisa de palavras para abrir seu coração à doce Cybelle. Mas como fazê-lo se tudo o que ele tem vontade de dizer à Cybelle custa uma fortuna? Um texto cheio de lirismo e ilustrações emocionantes. Uma ode à magia das palavras. 
  • “Benjamin: poemas com desenhos e músicas” de Biagio D’Angelo: Benjamin é uma criança que está vivenciando os desafios e as alegrias da infância. O protagonista narra suas experiências com sensibilidade e poesia sem igual. As ilustrações, como numa dança, abraçam o texto, ampliando a significação da obra e apresentando o universo interior e onírico do personagem com maestria e delicadeza.

Os livros podem ser um facilitador para promover o compartilhamento dos sentimentos. Com sensibilidade, é possível se utilizar das comparações com as narrativas para trazer perguntas e reflexões que permitam aos alunos expor o que estão pensando. 

Ensino Fundamental Anos Finais 

  • “A Luneta Mágica em Quadrinhos” de Joaquim Manuel de Macedo: Simplício é um jovem rapaz com problemas de visão e, por isso, dependente da família. Certo dia, encontra um misterioso homem que lhe promete a cura para a cegueira: uma luneta mágica! Com o poderoso artefato, Simplício irá enxergar muito além das aparências, podendo observar a essência das pessoas. Mistério, disputa de poder e muitas emoções neste clássico da literatura. 
  • “Retratos da escola” de Adriano Macedo (org.): Retratos da Escola, assim como um álbum de fotografias que nos permite observar e comparar retratos de vários momentos da vida, é uma coletânea de textos clássicos e contemporâneos, um conjunto de "fotografias literárias" em que escritores de diferentes épocas registram as cores, as emoções e as densidades da escola no período em que viveram essa fase. Afinal, a escola é uma ponte entre a casa e o mundo. Longe da família, nas salas de aula, o estudante percebe e observa o outro, o diferente. E tem que se virar sozinho. É onde aprende a conviver e a compartilhar, toma contato com novos conhecimentos, vive experiências muitas vezes inusitadas e amplia o que já sabe a respeito da realidade.

Para os alunos dos Anos Finais, a ideia é ampliar perspectivas. E, através delas, perceber onde eles se encontram nesse momento, após o que viveram durante a pandemia. Outro ponto importante, é reafirmar a conexão com a escola. Promover o entendimento de que esse é também um espaço de autocuidado. 

Ensino Médio 

  • “O meu pé de laranja lima” de José Mauro de Vasconcelos: O protagonista Zezé tem um pai desempregado e uma família que passa por dificuldades. O menino vive aprontando, sem jamais se conformar com as limitações que o mundo lhe impõe. A alegria e a tristeza não poderiam estar mais bem combinadas do que nestas páginas. 
  • “A poesia do encontro” de Elisa Lucinda e Rubem Alves: a palavra encontra o papel, o autor encontra a imagem que vai traduzir sua ideia, o leitor se encontra com uma sensação que já conhecia, mas que nunca havia formulado claramente antes. 

Para a última etapa da educação básica, a ideia é, através das leituras, promover o diálogo, nem sempre fácil para os estudantes dessa fase. E, a partir desse diálogo, construir experiências que valorizem suas identidades e singularidades. 

Os livros sugeridos podem ser indicados para leitura individual e posterior troca sobre as percepções, ou para uma leitura compartilhada em sala de aula. 

Gestor, oriente os educadores a estarem atentos às falas e comportamentos dos estudantes para que possam perceber qualquer necessidade de intervenção e encaminhamento mais direcionado a profissionais da área de saúde mental ou questões sociais. 

Nós da Árvore esperamos que esse texto tenha trazido uma nova visão e possibilidade de abordagem sobre como lidar com a defasagem escolar no contexto tão complexo quanto este que estamos vivendo no pós pandemia. Se quiser se aprofundar no tema, baixe gratuitamente nosso e-book sobre Recuperação da Aprendizagem!

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